Por que falhamos em atingir nossos objetivos?

A forma como um objetivo é escrito pode ser decisivo para o seu atingimento.

 

É muito comum em nossa vida pessoal, profissional e empresarial elegermos objetivos. Querer perder aqueles quilos que insistiram em ficar conosco depois das festas de final de ano, ter uma vida mais saudável ou passar mais tempo com a família são exemplos comuns de objetivos que as pessoas elegem no âmbito pessoal.

 

Encontrar um emprego melhor ou mudar de profissão, trabalhar menos horas por semana são, da mesma forma, alguns objetivos profissionais que facilmente identificamos.

 

No mundo empresarial não é diferente. Conquistar mais clientes, aumentar o lucro, expandir a área de atuação ou lançar novos produtos, são objetivos que todo empreendedor ou gestor sonha em atingir.

 

Independentemente do campo, pessoal, profissional ou empresarial, os objetivos estão lá, cumprindo uma função primordial para pessoas e empresas, que é servir de motivação.

 

No entanto, na mesma proporção em que encontramos objetivos, identificamos muitas pessoas e empresas frustradas por não terem atingido seus objetivos definidos em momentos anteriores. E esta frustração acaba por minimizar ou até mesmo neutralizar o efeito motivador que o estabelecimento de um objetivo pode proporcionar.

 

Mas, se os objetivos são elementos motivadores, que nos ajudam a nos mover adiante, por quê, muitas vezes, não os atingimos?

 

Porque um objetivo, na forma como os estabelecemos, não é algo único, monolítico, construído através de uma peça ou ação. Objetivos são como o pico de uma montanha, para o qual, para chegarmos, precisamos caminhar passo a passo. Não adianta querer atingir um objetivo sem dar os passos necessários. E é exatamente aqui que encontramos a resposta para a pergunta que procuramos.

 

Não se atingem objetivos num estalar de dedos,

mas sim caminhando, passo a passo,

na direção certa.

 

Quando nos lembramos dos nossos objetivos, lembramos da direção na qual devemos caminhar. Mas, sem nos atentarmos aos passos que precisarmos dar, será muito mais difícil sair do lugar.

 

Todo objetivo estabelecido requer um planejamento estratégico específico que, por sua vez, deve ser composto por metas claras. Um objetivo que tenha um planejamento “para chamar de seu” tem mais chances de ser atingido. Mas ainda não é suficiente. É necessário que esse planejamento seja elaborado de forma a poder viabilizar sua execução.

 

Um planejamento executável, se não garante, aumenta consideravelmente as chances de um objetivo ser alcançado. E para ser executável, um planejamento precisa ser composto por metas que tenham resultados concretos, mensuráveis, cuja soma de seus efeitos levem ao atingimento do objetivo esperado, ou seja, precisa que suas metas sejam bem escritas.

 

Existem várias técnicas para garantir que metas sejam bem redigidas. Eu gosto bastante de uma técnica bem conhecida, cujo nome é um acrônimo de uma palavra do inglês: SMART (Specific, Measurable, Achievable, Relevant, Time-oriented), que em sua tradução livre significam Especifica, Mensurável, Atingível, Relevante e Aprazável.  Essa técnica prega que uma meta de qualidade deve atender a estes cinco elementos. Para ficar mais fácil, vamos explicá-la através de um exemplo simples.

 

Consideremos que o objetivo de uma pessoa seja o de “construir uma casa”. Como dissemos, um objetivo é atingido através da execução de várias metas. Vamos considerar como uma das metas aqui a meta de “aquisição do terreno”.

 

Vamos avaliar essa meta através da técnica SMART. Faremos isso por meio de cinco perguntas:

 

1ª pergunta: A meta é específica?

 

Bem, a meta menciona a compra de um terreno, mas não fala a região onde o terreno deve estar, não descreve as dimensões ou área do terreno e nem se ele deve estar em um condomínio fechado. Ou seja, a meta, da forma como está escrita, não especifica muita coisa. Sem essas informações, a escolha e compra de um lote fica muito difícil, por conta da grande variedade de opções e preços no mercado.

 

Vejamos como esta meta poderia ser reescrita para torná-la específica: “comprar um lote na região noroeste da cidade, com área mínima de 400 metros quadrados, em condomínio fechado”.

 

Percebam que a pesquisa por imóveis com essas características já restringe bem o espectro de procura, ou seja, torna a pesquisa mais específica.

 

2ª pergunta: A meta é mensurável?

 

Além de ser específica, é necessário que saibamos quando uma meta é alcançada ou, caso ainda não tenha sido, podermos avaliar quanto falta para seu atingimento. Metas como “ser mais feliz no trabalho” ou “ter mais qualidade de vida” são louváveis, mas como medir felicidade ou qualidade de vida? Seria necessário estabelecer indicadores de felicidade ou de qualidade de vida que possam ser facilmente observados e, principalmente, medidos.

 

Por exemplo, chegar em casa do trabalho até as 18 horas todos os dias ou fazer exercícios físicos por 30 minutos diariamente. Veja que é fácil medir se uma pessoa está chegando até as 18 horas ou se exercitando por 30 minutos por dia. Basta enxergar a pessoa em determinada ação e olhar no relógio.

 

O importante para que

 uma meta seja mensurável é que

 exista um “indicador” e um

 “sistema de medida”.

 

No caso, o indicador é o horário de chegada, e o sistema de medida é o relógio.

 

Voltando ao nosso exemplo, a meta “comprar um terreno” é mensurável?

 

Vejamos: quando um imóvel é considerado vendido? Para alguns, a assinatura de um simples contrato de compra e venda é suficiente. Para outros, o que vale é o registro da escritura em cartório, mesmo que a compra tenha sido financiada. Para outros ainda, o que vale é o registro da quitação.

 

Vamos considerar que o indicador seja “registro em cartório” e que o sistema de medida seja a “cópia da matricula atualizada com o registro”. Sendo assim, para mostrar que a meta do exemplo é mensurável, poderíamos, escrever “obter o registro em cartório de um imóvel com o nome do futuro comprador”.

 

3ª pergunta: A meta é Atingível?

 

Para se responder a essa pergunta, é necessário sempre observarmos a resposta da 5ª pergunta, que trata do prazo especificado para o atingimento de uma meta. Um professor meu uma vez me disse que “o que torna uma prova difícil é o tempo que se tem para respondê-la”. Essa frase responde bem a essa pergunta. Uma meta bem definida, possível de ser mensurada pode não ser atingível, seja por falta de recursos, de tempo ou de conhecimento.

 

Em nosso exemplo, o que deve ser avaliado é se será possível para a pessoa adquirir o imóvel da forma como foi especificado e fazer o registro da compra em cartório. Para que isso se efetive, serão necessários recursos como tempo para pesquisa, negociação de compra e registro, além de dinheiro para o pagamento do imóvel conforme negociado, além dos custos de cartório.

 

Portanto, o que determina se a uma meta é atingível ou não é se haverá recurso suficiente no prazo determinado.

 

4ª pergunta: A meta é Relevante?

Essa pergunta pode parecer meio óbvia, mas quando tratamos de objetivos que são compostos por várias metas, é comum incluirmos algumas que não estejam muito relacionadas ao objetivo perseguido. Por isso é sempre bom e salutar refletir sempre se o que estamos fazendo guarda relação com o que queremos atingir. Caso não tenha, pode-se reavaliar sua importância na ordem de prioridades ou até cancelá-la.

 

Em nosso exemplo, fica claro que a compra de um terreno é relevante para se construir uma casa. Mas nem sempre a relevância é tão obvia assim.

 

A rotina e a ansiedade no atingimento de objetivos podem pregar peças e direcionar os esforços a tarefas desnecessárias.

 

5ª pergunta: A meta é aprazável?

A última pergunta se refere ao prazo esperado para que as tarefas sejam finalizadas. É necessário que toda tarefa tenha prazo definido.

 

É a partir de prazos objetivos

e mensuráveis que se avalia se

determinadas tarefas são atingíveis.

 

E, em última instância, como um objetivo é atingido pela soma dos resultados das metas, se alguma delas não é atingível, o objetivo, com efeito, também não o será.

 

No exemplo que adotamos, qual seria o prazo determinado para comprar o terreno? Um mês, um semestre ou um ano? A forma como a meta foi inicialmente escrita não deixa isso claro.

 

Utilizando o que falamos acerca da técnica SMART, a meta “comprar um terreno” poderia ser reescrita, a fim de melhorar sua qualidade, da seguinte forma:

 

Obter o registro em cartório de um terreno na região noroeste da cidade, com pelo menos 400 metros quadrados de área, em condomínio fechado, em até 180 dias.

 

Veja que a meta é específica, mensurável, relevante e aprazada. Falta avaliar se é atingível. Para isso, é necessário saber se este prazo é suficiente para pesquisar, visitar, negociar e registrar um terreno nessas condições e se há condições financeiras para tal empreitada.

 

Caso se perceba que a meta não é atingível, é importante  “retornar à prancheta” da meta, redefinindo outras especificações permitindo que os recursos e tempo disponíveis sejam suficientes. Caso os recursos não sejam suficientes, a meta estabelecida pode ser exatamente a conquista desses recursos.

 

No entanto, caso uma meta seja considerada atingível, o desafio passa a ser a disciplina da execução. Não adianta ter uma meta com o “selo SMART” e não ter disciplina para execução. Mas isso é assunto para outro artigo…

Autor: Élcio Damaceno
Publicado: 11/01/2021

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